A brincadeira mais gostosa do mundo

Você se lembra de quando “desaprendeu” a brincar? E agora, com os filhos, o que fazer? O post de hoje é sobre isso.

Posso me considerar uma pessoa de sorte por ter brincado muito. De tudo o que se possa imaginar. Não só com coisas típicas “de menina”, como boneca, casinha ou escolinha, mas também bolinha de gude, futebol, bicicross (com uma “Ipaneminha” da Monark, pensa!) e toda a infinidade de jogos e brincadeiras: pique-bandeira, corre-cotia, polícia-ladrão, elástico, garrafão e por aí vai.

Quando eu estava em casa, gostava de criar “filminhos” com os bonecos. Meus irmãos começavam a brincar, e de repente lá estavam eles, hipnotizados, assistindo à brincadeira. Tinha vez que a história durava dias, em vários “capítulos”, em reinos encantados, florestas perdidas, mundos paralelos ou mesmo o cotidiano da família cogumelo.

Com quinze anos, já tinha um namoradinho. Mas continuava brincando de bonecas. Promovia desfiles de Suzi disputadíssimos com os irmãos e os vizinhos. Hilárias gravações com efeitos sonoros (ondas do mar com a TV fora de sintonia; tropel de cavalos na caixa de sapatos). Ou teatrinhos com os primos. Eu era o descanso das mães, mesmerizando a molecada toda, por horas. As pessoas diziam: como ela tem jeito com criança!

Quando ia à casa da minha prima, um ano mais velha que eu, observei que ela montava a casinha da boneca com todos os móveis, mas depois não tinha mais gás para brincar. Mais tarde, isso foi acontecendo comigo: adorava organizar o cenário, os personagens, mas os “filminhos” não fluíam mais.

E o tempo passou. Meus filhos nasceram. Em vão foram as minhas tentativas de recriar as antigas brincadeiras. Lutei para tentar descobrir onde e quando eu perdi minha espontaneidade e meu entusiasmo originais. Talvez fosse porque, agora, as histórias estavam acontecendo de verdade: minha casa real, minha profissão, minha família. Não é que eu tivesse “jeito com criança”. Eu ERA, efetivamente, uma criança… Agora eu estava brincando de ser gente grande, e o ato de fantasiar perdeu um pouco a graça.

Descobri outras coisas. Se eu quero brincar com meus filhos, escolho peças de montar, como Lego e tijolinhos do pequeno construtor, por conta do meu senso de organização. E também jogos de mesa, como dominó, memória ou o Jogo da Pizza, para que eu me divirta junto e não fique apenas guiando a brincadeira.

Mas tem uma brincadeira que é imbatível na minha preferência: cabeleireiro. Divido equanimemente as mechas de cabelo entre os filhos interessados, espalho dezenas de presilhas, chuquinhas, pentes e escovas e deixo que eles inventem o penteado que desejarem. A ideia nem partiu de mim, justiça seja feita. Eles amam. Eu, então, nem se fala. Lido com um puxãozinho dali, uma chuquinha emaranhada daqui, mas fico quietinha só curtindo o cafuné, até cochilo.

Às vezes, lanço mão do expediente em situações chatas de espera, como no aeroporto ou no médico, me transformo num brinquedão e, mesmo sem as presilhas, eles ficam horas enrolando, trançando e separando as mechas, entretidíssimos. Já teve até criança de outra família querendo pentear também.

Podem me chamar de pessoa desprovida de imaginação, folgada, relaxada, tapeadora de filhinhos inocentes. Mas, antes, proponho um desafio: experimenta. Depois, quem não gostar daquelas mãozinhas ligeiras massageando seu cocuruto e passeando no seu cabelo, que atire a primeira escova! Rsrsrs!

Resultado do trabalho dos meus hair-stylists mirins

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A Fada dos Dentes

Quero ser criança quando eu crescer

This post in English: The World’s best play

7 pensamentos sobre “A brincadeira mais gostosa do mundo

  1. Sabe que eu vivo pensando na minha dificuldade de entrar na fantasia infantil e me divertir… verdadeiramente. Tento lembrar do que realmente gostava de fazer, mas mal me lembro.
    Tento optar pelo o que curto fazer também… pra brincar com vontade! Ser feliz junto! E tô contigo… jogos de tabuleiro, livros… é o que geralmente escolho.
    Gostei da sua dica! Júlia iria curtir! Só não sei se teria o mesmo desprendimento que vc de “largar” minhas madeixas nas mãozinhas dela!rsrs Ainda mais na rua!kkkkkkkk
    Adorei o look!! 😀
    Beijos

  2. kkkkkk! Mas o cafuné compensa o visual “idade da pedra”! kkkkk
    (Adoro seus comentários!)
    Beijo!!
    Marusia

  3. Nossa, Marusia, outro dia estava refletindo sobre essa dificuldade de brincar usando a imaginação, coisa que eu fazia muito quando era criança. Também sempre brinquei muito e sempre fiz a festa das crianças mais novas. Lembro que me perguntava porque os pais não brincavam com os filhos de casinha, de escolinha… Agora entendo. Sim, éramos crianças e não somos mais.
    Bjs

    • Oi, Lucíola!
      Por muito tempo o fato de ter “desaprendido” a brincar me inquietou, sabe?… Começar a entender as razões disso foi o primeiro passo na minha busca por mais leveza, mais entrega.. Ainda em processo, mas já na estrada!
      Beijo, obrigada por partilhar!!
      Marusia

  4. Rever os antigos brinquedos guardados e lembrar-se de todos os momentos gostosos com eles – e matar até mesmo as saudades, eu por exemplo faço roupinhas para minhas Susis até hoje – não têm preço!! 😀

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