Só as mães são felizes

Matéria publicada na Revista Crescer nº 138, em maio 2005.

Matéria da Revista Crescer mai 2005 ed. 138 - Abril

 Só as mães são felizes

Dez razões para explicar por que a gente fica muito melhor depois que os filhos nascem

Malu Echeverria

 

Esqueça as noites maldormidas, a culpa por deixar seus filhos em casa para trabalhar, a falta de tempo para cuidar de si mesma. Ignore a conta do cartão de crédito, a casa meio bagunçada, o cansaço. Ao menos por uns instantes, pare de se cobrar por não ser uma mulher perfeita. No dia das Mães, curta os momentos felizes trazidos pela maternidade.(…)

 Você faz novos amigos

(…) Na porta da escola, nas reuniões de pais e nas festinhas infantis, você conhece os pais dos amigos dos seus filhos. Eles acabam virando seus amigos, ampliando e diversificando sua rede de contatos. Afinal, assunto em comum é o que não falta. (…)

 Torna-se uma pessoa mais saudável

(…) Até quem detesta caminhar, depois de virar mãe, descobre quanto é legal andar de bicicleta, jogar bola ou peteca. A preocupação é pertinente: você quer estar bem para ver seu filho crescer. (…)

O tempo rende muito mais

(…)‘A capacidade que as mulheres têm de pensar e fazer várias coisas ao mesmo tempo se amplia depois da maternidade, pois as demandas também aumentam.’, explica a psicanalista Ana Paula Pires. (…) Você imaginou que conseguiria trocar de roupa, conversar ao telefone e segurar o bebê no colo, tudo ao mesmo tempo?

 Você é poderosa

Descobre que seu corpo tem uma missão mais nobre do que só encantar os homens. (…)

A descoberta de que o corpo é capaz de gerar um ser humano traz mesmo uma sensação de poder para as mulheres. (…)

 Quer que o mundo seja melhor

(…) Como toda boa mãe, você quer fazer do planeta um lugar melhor para viver. (…)

 Você se descobre um poço de paciência

(…) Assim como releva as birras em público, as reclamações na hora de tomar banho, o choro na madrugada. ‘Quando estamos apaixonados, suportamos quase tudo. (…)’ compara a terapeuta familiar Marília de Freitas Pereira, do Instituto Familiae, de São Paulo. (…)

 As frescuras ficam de lado

(…) Hoje, aparece algum problema (sim, você não os procura mais!) e logo arranja uma solução e ponto final. (…)

 Sente o maior amor

O amor que existe na relação com os filhos compensa qualquer dificuldade. (…)

 Aparecem outros talentos

Talvez você tivesse algumas habilidades manuais antes de se tornar mãe. Mas, com certeza, nunca as usou com tanto prazer quanto faz hoje. (…)

 Você volta a brincar

(…) A psicanalista Ana Paula resume por que é tão bom ser mãe: ‘a maternidade traz consigo um jeito mais leve de viver.’ Aproveite!

Análise:

À primeira vista, a matéria é um reconhecimento – veja toda a felicidade que é privilégio só das mães!

À segunda vista, a matéria é um elogio – orgulhe-se de todas as qualidades que só a maternidade proporciona!

À terceira vista, a reportagem é um convite – conscientize-se de todas as maravilhas que estão ao alcance de todas as mães e desfrute!

À quarta vista, é um consolo (ou uma repreensão): os problemas são irrelevantes diante de tantas dádivas que as mães recebem!

Mas há uma quinta verdade: o reconhecimento, o elogio, o convite ao desfrute e o consolo são apresentados sob tantas condições, que ao final a homenagem acaba por se transformar em obrigação. E toda imposição pode se transformar em culpa.

Razões para ser feliz, segundo a reportagem Condições da reportagem
Só as mães são felizes Se você não é feliz, não é boa mãe
Ao menos por uns instantes, pare de se cobrar por não ser uma mulher perfeita Depois desses instantes, pode voltar a se cobrar. Segue a lista:
Novos amigos Se você não fica amiga dos pais dos seus filhos, não é boa mãe
O tempo rende muito mais Se você não consegue trocar de roupa, conversar ao telefone e segurar o bebê no colo, tudo ao mesmo tempo, não é boa mãe
Poderosa O corpo feminino serve SÓ para os homens (!!!) e depois aos filhos. A matéria descarta tudo o que a mulher pode acessar por meio do próprio corpo como extensão de sua consciência individual.
Mundo melhor Se você não se engaja em ecologia, direitos humanos e paz mundial, não é boa mãe
Poço de paciência Se você não tem paciência de sobra com as birras, as reclamações e o choro, não é boa mãe. Se você não suporta tudo, não está apaixonada pelos filhos.
Frescuras de lado Se você não arranja logo uma solução para os problemas, está de frescura e não dá prioridade ao que importa – os filhos.
Sente o maior amor Se o amor ilimitado não surge à primeira vista, você não é boa mãe
Outros talentos Se você não é criativa, não é boa mãe
Brincar Se você não voltou a brincar e não leva a vida mais leve, não é boa mãe.

O texto é todo escrito no tempo presente: você faz, torna-se, define, descobre, quer, arranja, sente, acredita, é. O tom afirmativo, junto com depoimentos e fotos de 6 mães em êxtase com seus filhos e os comentários de 4 psicólogos, contribui para reforçar que “ser feliz” não é uma constatação. É um dever para as mães.

Veja também: Só as mães são felizes – Marusia fala

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